Carta da Curadoria
Curar vem de cuidar, cuidar que tem a ver com ponderar, atentar, reparar, mas cuidar também pode estar ligado a guardar, selecionar, inventariar: é desse inventário que se produz a curadoria. Em um processo intenso, cada um trouxe suas vivências e cosmovisões para o processo de seleção do Festival Alagoanes. Idealizado e produzido por mulheres, tendo em sua composição curatorial corpos racializados e marginalizados: pretes, indígenas, mulheres, periféricos, diversidades sexuais e de gênero, dentro de uma sociedade que ainda reflete e apresenta cicatrizes coloniais, viemos anunciar, mesmo diante das ausências e lacunas, a potência criativa e expressiva presente na multiplicidade de contextos e pluralidades alagoanas. Seja narrando, atuando, fotografando, registrando, curando o fazer, a ação nos aproxima e nos impulsiona a seguir. Realizar a curadoria de um Festival que comemora o centenário da nossa tradição cinematográfica é uma honra. Debruçamos nosso olhar e vivemos uma Alagoas a partir de outros recortes, estéticas, narrativas, tempos, saberes e cinemas. Foi das multiplicidades que nos conectam que buscamos filmes capazes de celebrar conosco estes 100 anos de um cinema que se constrói e reconstrói, mostrando-se cada vez mais inventivo, vibrante e com fôlego para produzir diferentes olhares. Celebramos Alagoas, celebramos o nosso audiovisual. Vida longa ao Alagoanes! Vida longa ao Alagoar!
Allexandrëa Constantino, Benjamin Vanderlei, Jéssica Conceição, Wanderlândia Melo e Ziel Karapotó